O que se ouve normalmente na mídia (internet, rádio, TV etc.), talvez não chegue a 1% do universo da produção musical. Refiro-me a estilos, sistemas de composição, ideias de combinação sonora, dos quais estamos culturalmente tão distantes, no tempo e no espaço, e que, no entanto, formam grande parte das criações musicais existentes no mundo. É simplesmente impossível alguém conhecer tudo.
Porém, podemos — e, por que não dizer, devemos — estar informados da existência desse universo. Procurar conhecer o máximo possível é uma necessidade, pois nós somos influenciados de forma inescapável por tudo o que ouvimos. E sem dúvida porque toda essa produção, essa criação, pertencem à humanidade, na qual também estão inseridos nossos clientes, nossos pacientes, nossos chefes, nossos colegas de trabalho, nossos amigos, familiares e todas as pessoas com quem nos relacionamos.
E é importante não apenas conhecer, mas compreender, identificar os diversos elementos musicais encontráveis em qualquer obra sonora, perceber como foram utilizados para cada efeito. Enfim, transpor para a cognição auditiva toda a eventual bagagem teórica que se houver adquirido formal ou empiricamente, e entender qual o significado que cada um desses elementos pode assumir na psique de cada um.
Podemos dizer que precisamos ser capazes de manipular tais elementos conscientemente para ampliar nosso autoconhecimento e atingir o bem-vindo objetivo de colaborar da melhor maneira com as pessoas que chegam até nós.
E que aqueles que sentem impulsos criativos na música, seja para composição ou interpretação, e que desejam libertar-se da imitação involuntária induzida pela mesmice da mídia, possam fazê-lo apoiados em base sólida, e assim chegar a resultados realmente eficazes, conjugando técnica e inspiração, transformando o domínio racional num completo domínio artístico, com resultados benéficos para a saúde mental de todos.
Escrito em 2008
Revisado e atualizado em 2020